Segundo o relatório de mudanças climáticas recém publicado em 2021 pelo (Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), as concentrações de Gases de Efeito Estufa (GEE), vem sistematicamente apresentando crescimento, e de forma inequívoca, segundo o […]
Segundo o relatório de mudanças climáticas recém publicado em 2021 pelo (Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), as concentrações de Gases de Efeito Estufa (GEE), vem sistematicamente apresentando crescimento, e de forma inequívoca, segundo o relatório, isso advém das atividades humanas, o que vem causando mudanças climáticas importantes.
Adicionalmente, estudos da Agência Internacional de Energia em seu relatório World Energy Outlook 2020 projetam taxas de emissões de GEE ainda constantes até 2070. Além disso, já na edição de 2008, o relatório já apontava para consequências extremamente danosas e se nenhuma política energética fosse alterada, e em 2018 as emissões de CO2 associadas à produção de energia seria de 33,7 bilhões de toneladas. Ocorre que apesar de um pouco abaixo desse patamar, nesse ano as emissões foram de 33,3 bilhões de toneladas, o que representou um recorde histórico.
Nesse cenário, o crescimento do consumo mundial de energia traz preocupações nos campos sociais, econômicos e ambientais. Projeções da US Energy Information Administration (EIA), estimam um aumento de até 3,7% ao ano no consumo mundial de energia em 2050 quando comparado com 2018 para um cenário de elevado crescimento econômico (EIA, 2019).
No mercado doméstico, dados do Plano Decenal de Expansão de Energia 2020-2030, documento elaborado para apresentar perspectivas de expansão futura do setor em um horizonte de 10 anos, desenvolvido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), empresa pública destinada a elaborar estudos para subsidiar o planejamento energético no Brasil, o consumo final de energia deverá apresentar crescimento médio nesse horizonte decenal de 2,8% ao ano (EPE, 2021), o que posiciona o Brasil muito próximo à números mundiais.
Embora projeções apontem em nível global para um aumento gradativo na participação das energias renováveis ao longo do tempo, as fontes não renováveis de energia ainda são o maior insumo energético mundial. Nesse cenário vale destacar que o Brasil se posiciona de maneira privilegiada como se observa na figura abaixo onde 48,4% de sua matriz energética é proveniente de fontes renováveis contra uma média mundial de 13,8%.
Fonte: EPE, 2021
Tais números são corroborados pelo consumo de energia per capita. Quando se compara as emissões médias da população brasileira, que vem a ser o total de emissões de carbono no Brasil, ligada a todas as atividades, dividida pela sua população, nota-se valores bem abaixo das médias mundiais.
Conforme observa-se na figura abaixo, cada brasileiro emite em média 1/7 do que um americano, e praticamente 1/3 do que um europeu ou um cidadão chinês.
Fonte: EPE, 2021
Se por um lado isso sinaliza dados extremamente positivos quanto ao uso de recursos, pode em contrapartida representar falta de acesso a bens de consumo e acesso universal a energia o que colide frontalmente com o desenvolvimento social que tem um de seus indicadores ligados a essa dimensão.
Nota-se também perfil ainda mais favorável quando se trata da matriz elétrica brasileira. Segundo dados do Balanço Energético Nacional 2021 – ano base 2020 (Relatório Síntese), em 2018 o Brasil emitiu 99,6 kg CO2 eq / MWh, ou seja, para produzir cada MWh de energia elétrica foram emitidas 99,6 kg de CO2 eq[1]. Conforme observa-se na Figura abaixo, tais números colocam o Brasil na vanguarda acerca das emissões de carbono na produção de energia. Apenas para efeito de comparação, o setor elétrico brasileiro emite cerca de 1/3 do emitido pela União Europeia, 1/4 do que é emitido nos Estados Unidos e 1/7 das emissões chinesas.
Fonte: EPE, 2021
Entretanto, dados disponibilizados pelo Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI) (2017), referentes aos fatores médios de emissão que representam a quantidade Carbono emitida na geração de eletricidade considerando todas as usinas geradoras, indicavam fatores médios anuais de 32,3 kg de CO2 por megawatt hora gerado em 2006 o que equivale a um aumento de 208,4% nos fatores de emissão quando comparados a valores de 2018 o que denota preocupação na questão ambiental quanto à geração e consumo de eletricidade.
Tais números falam por si e torna imperiosa a preocupação ambiental quanto ao uso de energia elétrica nas unidades do CPS, motivo pelo qual a importância do PETS nesse contexto.
[1] CO2 eq é uma unidade de medida para representar todos GEEs em termos de CO2 considerando o potencial de aquecimento global de cada GEE